11 de ago. de 2014

Opostos


Você ainda não partiu,
está partindo.
O caminho é longo
e você caminha só.

E eu choro todo meu pranto sem som 
por esse mundo belo que não posso dividir.
E eu choro todo meu pranto dolorido
por esse mundo horrível que não posso mudar.

Há espaço em seus olhos para os versos cansados do meu coração?
Ainda se recorda da minha alma que eu nunca disse ser maior do que é?
Por que nada parece certo no lugar que está?
Por que não cai de vez esse véu de mentira e a verdade não se mostra de vez?

Os dias morrem, junto deles morrem as certezas.
Ótimos atores somos nós, representando tão bem não sermos todos loucos.
Seguindo as sinas medíocres, absurdas,
atravessando as horas com medo, desespero, desejo, angústia 
e sorriso nos lábios.

Ainda grito, ainda digo, ainda insisto...
Mas sei que a vida não demora em me calar,
a me pôr no meu lugar, a colocar um espelho diante dos meus olhos.
Desgraçado o homem de sonhos maiores que ele mesmo.

Que ironia é essa de querer pessoas próximas num mundo tão grande?
Os braços não se alcançam, os pensamentos não se conectam.
Sou eu ou tudo está mesmo virado?
Sou eu ou tudo precisa de conserto?

O amor é dado só àqueles que não o querem?
Ou aqueles que não o querem são os que verdadeiramente precisam?
Assim como os que se fingem de tolos são os mais sagazes? 
Por que tudo precisa ser blindado por um enigma ridículo?

Dou voltas completas e retorno ao início.
Sentido a vida deve ter, seria muita canalhice de Deus o contrário.
Mas o que é pior: desconhecer o sentido ou acreditar no sentido errado?
O que é pior: ter fé ou ter dúvida?

Na verdade você se foi, sim.
Já chegou; o caminho não é infinito.
Na verdade a verdade é nua e é crua,
desvendada e óbvia.
Na verdade tudo é certo e perfeito,
e tudo o que foi feito, foi bem feito.

Apenas acho que vou morrer não entendendo nada disso.