19 de jan. de 2016

É tudo



Se algo é insano, é tudo.
O tanto lutado pelo amor inexistente, a hora da desistência, enfim,
Ou a hora de, ainda sangrando, lutar de novo pelo amor,
É de igual loucura.

É perturbada a pequena alma presa em seu ninho,
O ninho onde sempre desejou estar,
Mas que agora sente doerem suas asas inutilizadas,
E saudade de quando o vento do mundo soprava em seu rosto?

Se algo é insano, é tudo...
Também eu, todos os sentimentos em que em mim habitam
E nos quais eu habito.
Minha mão direita que acaricia a felicidade; a esquerda, a tristeza.

Eu irei embora, mesmo sem nunca partir.
Vou perdoar, mesmo sem nunca esquecer.
Eu sou livre, mesmo que meu destino não me pertença.
 E eu te amarei para sempre, mesmo através do silêncio eterno.

17 de jan. de 2016

Sem lar


Também chorava por meus fantasmas, meus mortos.
Ainda sinto o gosto amargo da falsa realidade;
Aqueles goles fartos de ilusão.

Eu vivo no caminho, por trilhas e asfaltos.
Reconheço a solidão dos que partiram,
A felicidade dos que não pensam.

E eu reconheço aquele olhar,
Eu sei de toda a verdade,
Pois não desconfio de nada.

Eu entendo porque o amor é um lar.
Mas não sou eu que habito nele, é ele que habita em mim,
Como uma semente que repousa, esperando desabrochar.

Sem mais insanas dores e insanas alegrias.
Sem mais a dor do porto destruído pelo mar.
Eu sou o caminho, a rota, a estrada, o destino.

10 de jan. de 2016

Para o seu bem


Eu vou embora;
Depois da paixão atingir o ápice
De eu confundi-la com o amor,
E deixar de queimar;
Como a palha de um canavial,
Em imensas e rápidas labaredas;
Eu irei embora.
Mas será para o seu bem.

Eu vou desistir
De todos os sonhos,
Construídos em tudo e em qualquer lugar.
Esquecerei tão bem dos planos e conquistas;
E você,
Que que eu dizia ser a parte mais bela da minha vida, carne e espírito,
Será também esquecido.
Mas será para o seu bem.

Eu vou manter silêncio,
Tão profundo e dolorido,
Que as tão belas horas sem fim
De palavras e sorrisos parecerão
Uma bobagem da memória.
Uma bagagem pesada de coisas inexistes.
E talvez a indiferença mate aquilo que todos chamam de Amor.
Mas será para o seu bem.

Será para o seu bem
Reconstruir um velho e despedaçado coração no mundo real.
Será para o seu bem
A passagem dos sonhos para a insípida realidade.
Será para o seu bem
Entender que foi uma grande tentativa, mas nada permanece.
Será para o seu maldito bem
Todas as minhas mentiras.

7 de jan. de 2016

Tolo espírito ingênuo


É preciso que mais algum tolo fale
Sobre o brilho esplêndido das estrelas
Após um dia de felicidade e paz,
E em como apenas doces lágrimas as nublavam?

É preciso que mais algum espírito singelo
Relembre outros da delicadeza e beleza
Das andorinhas... quase leves como o vento,
Admiradas numa tarde quente de nuvens esparsas?

Talvez.
Porque também viu, este tolo espírito ingênuo,
Olhos esculpidos pela dor, enquanto olhava horrorizado
Suas mãos inúteis, imóveis.

É preciso que se diga que a vida resiste,
E é bela em algum canto, por algum doce motivo,
Porque em outro, ela é profanada com adaga contaminada
Em seu âmago adoecido e frágil.

Basta este amor que apenas flores e versos cria?
Não basta; mas, graças, Deus, existe!
E um dia as mãos macias e quase mortas
Estarão ásperas e reluzentes por servirem com gratidão.

3 de jan. de 2016

Tentativa


Parece ser o fim de toda batalha assim:
Chove mansamente.
O sangue derramado dissolve-se na terra.
O presente vence o passado,
E será vencido pelo futuro.

Como a lenta chuva, duas lágrimas escorreram
De lados opostos da face.
Alívio, derrota, fim.
Pelo que ainda chorar?
Não apenas uma batalha, a guerra acabou.

Há o silêncio.
Nada mais a ser dito,
Nenhum ouvido a ouvir, tampouco.
Talvez tenha tentado amar
Com a mesma força que agora tento esquecer meu amor.

Estaria ainda sendo branda a reação do destino,
Em virtude dos meus tantos pecados?
A água fria ainda escorre, tristemente.
Olho para a dolorida cicatriz...
Já nenhuma flor nascerá em meus vazios.

1 de jan. de 2016

Lançamento de Discreta Loucura

Esta é a história de um coração que um dia acreditou poder voar.
Que um dia sentiu ser possível a um ser possuir asas e raízes,
Como as árvores, que lançam seus braços aos céus, enquanto seus âmagos
As firmam, seguras, no chão.
É uma história de amor, e por isso, uma história de dor.
Passados e presente se entrelaçam...
O futuro vaga distante, incerto, imprevisível.
Esta é uma história em versos, em imagens, em noites de alegria,
Dias de tristeza, momentos de esperança e angústia.
Esta não é uma história completa...
É mais um capítulo de uma busca infinda e ancestral.
Uma discreta prova de que o coração ainda é quente, bravo, louco e vivo;
Como um vulcão que adormece por séculos,
Mas um dia desperta.










"DISCRETA LOUCURA" nasceu de forma imprevista. De forma discreta e também insana. O material que compõe o livro não é vasto, mas os sentimentos nele contidos, são. O que viria após um grande sentimento, um amor sublime, uma perda imensurável de esperança? São estas e outras questões que o livro aborda. Não há como escrever um poema apenas para ocupar espaço no papel, ele precisa vir do âmago, de algo intenso, belo, forte, dolorido. Há nas páginas desse livro a sede pela reconquista da fé, e a dor de ainda possuir chagas mal curadas no coração. "Discreta Loucura" é uma súplica pela liberdade, representada também pelas imagens de pássaros em suas páginas, e é ao mesmo tempo, um desejo ardente de pouso, de aconchego, da segurança de um ninho.












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