9 de dez. de 2016

Ébano


O tempo cavalga.
Perturba a paz com seus lunáticos urros famintos.
Devora suas próprias crias:
Consome horas, e estas,
Consomem os minutos,
E estes, as pequenas e doces esperanças.
Um banquete de horrores
Onde as luzes se apagam
E o belo se perde para sempre.

Mas tão distante,
Distante ao ponto do inatingível,
Reluz um sorriso magnânimo,
De um deus ébano,
Cuja voz estremesse o âmago esquecido
Onde soterrados, os sonhos jazem.
E por um instante a terra vibra,
Denuncia a vida que persiste na superfície.

Não seja outra preciosidade em um relicário frio.
Deixe livres minhas mãos
A te banharem de calor e desejo.
Persista sua beleza no breve campo das ilusões
Onde eu possa louvar sua pele e apelos.
Pois o sol já vem, e a magia da noite
Que torna livres todos os caminhos
Logo se despedirá.