21 de dez. de 2016

Luminescência


Olha-me de volta o abismo.
Estende mãos sedutoras,
Sussurra canções sobre paixões idílicas.
Chama meu nome exalando hálito quente,
Põe em chamas a minha carne fraca.

Já prestes a precipitar, a render,
Distante, meiga luminescência 
Faz com que escorra lágrima tímida.
Eu não a alcanço,
Eu não confio nos meus próprios olhos.

E sou eu que estendo as mãos...
Eu que entoo perigosas canções...
É meu o olhar do fundo.
Eu é que seduzo lindas negras estrelas
Que despencam tão belas;

Puras, como cada antiga veia 
Em que pulsava sentimentos insossos demais
Para qualquer maligno anjo faminto.
Mas me perdoo; há a luminescência distante...
E ela olha para mim, ela vem em direção a mim.