15 de dez. de 2016

Tudo


Pouca coisa foi muito leve e doce
Para que se rendesse versos meigos e ordinários.
A vida me arde nos nervos, nos dedos, na epiderme.
O sangue persiste na constante ebulição.

Bem quisera aconchegar-te
Em suaves brisas de tarde veranil.
Lançar palavras leves nessa brisa
Para que em teu peito fizessem morna morada.

Mas o peito ruge, não ouve?
Tudo lá fora parece tão calmo,
Mas eu ouço as guerras,
Algumas distantes, outras internas.

É disso aquele sente: tudo.
Tudo é belo, tudo dói, tudo há e tudo falta.
Mas esse tudo, quem sente, quem nota, vê?
Os poetas. Aqueles, os já quase extintos.