18 de abr. de 2021

18/04/21

 


A canção que fala sobre universos paralelos onde nada se quebra e nada machuca me faz quase regressar por instantes aos dias em que a atmosfera era muito mais repleta de poesia do que de medo. 

Essa poesia que tem se perdido como a claridade do dia se rende suavemente à penumbra que logo se tornará mais uma longa noite escura...

Ao meu lado flutuam pequenos estilhaços de memória já quase sem valor. Passam rente a pele causando pequenos cortes que não chegam mais a sangrar... Os sorrisos, a cor dos olhos, o abraço que elevava os pés do chão.

Mas enquanto adorno o céu apático de cores artificiais, ainda sonho com tempos em que as ruas e as esperanças não estarão mais proibidas. 

E eu sei que já se foram anos demais, palavras demais, sonhos demais, lamentos demais, só que continua parecendo cedo para uma rendição completa ao silêncio e ao adeus. 

Pois embora o coração já não emita um brilho que encante e a noite já tenha a tudo envolvido outra vez, o peito ainda reluz, e posso ver o infinito manto negro celeste adornado de incontáveis estrelas quase eternas.