19 de dez. de 2016

Água passada


Lembra daqueles barquinhos de papel
Que fazíamos e deixávamos ir com a enxurrada?
Íamos acompanhando até que se desfizessem
E o papel voltasse a exibir letras, figuras...

A maior de todas as histórias é essa folha molhada.
Flutuando frágil sobre águas sujas.
E eu vejo indo uma dor tão minha, tão bonita;
Tudo o que resta, indo.

Seus dedos se entrelaçam aos meus,
Seu olhar se perde no horizonte junto ao meu.
E eu não afundo feito a folha que foi o barquinho de papel,
Eu fico junto do que segura minha mão.

Contenho pra não falar de esperança,
Mas já não chove,
A luz macia da tarde cai por mim adentro.
Volto a flutuar...