12 de nov. de 2016

Sentença


As palavras não têm fim.
Elas continuam ecoando,
Continuam se transformando,
Como as águas de uma tempestade,
Que mudam de forma e de intensidade,
Mas nunca deixam de existir.

Contratos que o tempo não consome.
Promessas inquebráveis.
Bençãos e condenações eternas.
Eu me lembro de todas elas,
De cada uma delas;
De todos os lábios.

Embora elas já não comovam,
Não há esquecimento,
Não há silêncio.
Embora elas tentem enganar,
Embora eu saiba disso,
Sou todo ouvidos.

Em meio a um rio tóxico
Em que correm sentenças rasas
Que é a vida,
Alguma verdade ora ainda reluz,
E por ela eu bebo da água envenenada,
Na esperança de talvez sorver alguma cura.