30 de ago. de 2014

Criança


De nada serve a escuridão da estrada e a velocidade na estrada,
Nem a lua que sorri simpática como menina feliz.
O mundo ao redor não existe.

Embora eu visse as árvores, os reflexos,
Embora eu ouvisse os barulhos, os cantos dos pássaros noturnos,
Embora eu sentisse o frio, e o calor,  o perfume.

Nada há.
E mesmo tudo que há, soa vão,
sem nexo, não conectável.

Não haverá mais lamentos por memórias,
Não haverá mais lamentos por dias cristalizados no passado.
O lamento é pelo silêncio dos anjos, pelo barulho dos fantasmas.

Mas oh, pequena alma!
Que sabe da dor, do medo, da lágrima ácida?
Criança cega de desespero por seus brinquedos partidos!

Criança tola que tenta colher nuvens e comover heróis.
Enquanto o mundo é isso, nada além disso:
Vazio.


De "Ex-voto".