9 de mar. de 2016

Virá o Outono


Ainda posso sentir o veneno do espinho
Da última Primavera percorrendo meus dedos.
Sua dor já não me causa desespero,
Mas nojo.

A dor irá cessar, como flores condenadas à fragilidade.
Condenadas à falta de perfume e admiração.
A dor irá cessar,
Mas o Amor na alma um vez nascido, não.

Na luz do domingo quente queimarei seus ferrões,
E talvez chore lágrimas puras para limpar as sujas antecessoras.
Virá o Outono, sem infrutíferas ilusões coloridas,
E meu peito será renovado pela dourada luz do poente.

Há enfim o meu reflexo no espelho,
Belo ou vergonhoso: eu.
Há enfim viva outra vez a máquina do peito,
Agora, em meu poder.