29 de mar. de 2016

Toda delicada esperança


Não quero perder a rosa, deixá-la;
Mas ela passa, displicente, sucumbe.
Ao contrário do que é dito, é humilde,
Não ata-se à sua beleza prodigiosa
Ou ao perfume causador de quase-sonhos.

Quero tanto não perder o que não é meu...
Como a felicidade, branca de luar,
Sorrindo-me nas noites de sábado estrelado,
Oferecendo-me trégua e peito quente.

Tudo é partido... Deus, tudo!
Sendo reluzente, belo, admirado, parte!
Apenas os lábios amargos e frios permanecem eternos;
Apenas o que nunca será amado.
Nunca.

Aquilo... cujos urros ouço por detrás dos concretos sujos,
Pelas portas e fechaduras.
E eu lembro do tempo de menino:
Antes, os fantasmas eram rápidos e silenciosos...

Agora eles rastejam, maculam a atmosfera,
Alimentam-se de toda delicada esperança.
Enquanto sinto que os anjos silenciam
E assistem, quietos.
Se assistem...