6 de dez. de 2014

Tarde



Sei que está viva, a poesia.
E se me doem os ossos, não é por perder o que é tão amado,
É pelo egoísmo de amar errado.

Amar para mim,
Para minhas mãos,
Para meu peito frio.

Como se a tarde,
Explodindo em sua luz/sombra,
Fosse para meus olhos, e não para os olhos do mundo.

Como se o Amor fosse ar e água,
E não a flor delicada que desbrocha na manhã macia.
Tão frágil pétala, tão intensa beleza, tão passageira vida.

Bendita seja esta dor, este desespero, esta ânsia,
Pois são filhos da boa vontade.
Filhos de uma pureza desconhecida até então.

Rendo graças, meu Deus,
Ao punhal cravado em meu peito.
Não fosse assim, talvez eu nunca soubesse da existência do coração.