13 de dez. de 2014

Precipitação


Quase não recordo daqueles velhos dias,
Havia a água que caía e toda aquela calmaria.
As batalhas sessavam, o sangue era lavando,
Deixando os campos verdes novamente.

Mas tudo volta para o lugar errado,
Como um labirinto, que nas noites de pesadelo
Se move, se modifica, cria novas armadilhas.
E não, não restam culpados.

Como desejar que ame algo
Que nem eu sou capaz de amar?
Como pedir que esteja aqui
Quando nem eu quero estar?

Vai, mergulha no vento e na tempestade.
Gargalhe de medo e loucura. Erre.
Pois alguns erros são mais puros e abençoados
Que alguns acertos.

Talvez, quando todas as ilusões passarem,
O que restar seja realmente eu.
E talvez eu goste do pouco que sobrar,
Como uma mínima pedra preciosa, livre do cascalho.

Apenas perdoe minhas precipitações.
Como a chuva, minhas alegrias e tristezas
Também desaguam.
Choram ao sonhar com o sol.

Apenas perdoe minhas precipitações.
Como a chuva, eu também escorro
Por entre flores e escombros,

Pela vida e pela morte.