12 de dez. de 2014

Desatino


O silêncio torna todas as flores,
Algum dia belas, perfumadas,
Em esculturas afiadas de vidro incolor.

Tanta coisa petrificada, sem vida.
E embora me mova, embora corte meus pés e mãos nas pétalas,
Também estou frio, endurecido.

E os poemas mais ardentes de amor 
Só seriam úteis agora se eu pudesse
Em suas chamas aquecer o peito amargo.

Mas chove toda a água que faltou no ano...
Mas dói toda dor em proporção a toda alegria.
E dentre todas flores mortas, é da Paz que mais sinto falta.

Eu não posso me livrar desses caminhos que agarram meus pés.
E enquanto por eles sou levado, me pergunto como pode
Um coração morto ainda ter esperança.

Antes morresse por completo,
Antes nada tivesse sentido,
Antes nada tivesse vivido.