21 de dez. de 2014

Recém-nascido outra vez


O coração não há muito sepultado
Reivindica novamente a vida que lhe pertence.
E ainda que com mãos impuras, ásperas, 
O recolho carinhosamente de sua sepultura fria.

Ainda que a luz do dia ameace estar tão distante,

Ainda que mesmo sem a chuva os raios continuem despencando;
Eu o lavo com lágrimas de alívio, eu peço que volte a pulsar,
Devolvo-o ao meu peito fraco, mas ainda quente.

Nenhuma promessa floresce no jardim silencioso,
Mas as rosas continuam a perfumar a noite solitária.
Se eu fechar os olhos quase posso sentir a esperança me acariciar,
Posso sentir meu bom e velho sangue correr e bailar pelo corpo.

Talvez eu apenas esteja vivo 
Porque acredite que a manhã logo vem;
Porque acredite que de longe, talvez das franjas do mar,
Algum Sonho pensa no meu nome.

Mas estou vivo.
Estamos vivos.
Outa vez.
Eu e o velho bobo coração.