4 de dez. de 2014

Receba

Não negue as batidas em sua porta,
pequena alma ferida.

Se bate a dor, com memórias reluzentes
de dias que não mais existirão, receba.
Dá-lhe repouso, bebida e comida. Receba-a.
Porque acompanhada à dor, vem a saudade;
e a saudade, ainda que tão solitária e fria,
é tão bonita.

Receba-a em aconchego e ria e chore de suas histórias,
porque atrás da saudade vêm a esperança.
A esperança... sempre tão doce e frágil.
Bela como as flores que só desabrocham em manhãs frescas.
Recebe também a esperança, esta velha e conhecida amiga,
que parte, mas retorna, como todo bom amigo.
Porque atrás da esperança vem a fé.

E a fé, tão quente e firme,
abraça-o como a mais amorosa das amorosas mães.
Aceita a entrada da fé pois só com ela presente, a vida ousa se aproximar.
Aceita a vida...
Porque a vida é bela, mesmo com suas tantas mazelas.

A vida é bela pela manhã, quando as abelhas roubam o néctar das flores roxas.
É bela quando uma palavra de conforto brota do silêncio sepulcral dos dias.
Permite a entrada da vida... pois apenas vivo se ama,
E apenas amando se vive.