2 de dez. de 2014

Oração


Se deito lágrimas aos teus pés,
não as negue.
Porque dos Homens pouco espero,
mas de ti, poesia, ainda rogo alento.

Quem mais aceitaria meus traços feios?
Quem mais amaria criatura tão ordinária?
Quem mais daria colo e amparo,
como pobre mãe que apenas o coração tem a oferecer?

Fui arrogante, bem sei.
Usei-te para dizer: "Eu amo!"
E o amor zombou-te por tua simplicidade, 
por tua ingenuidade.

Fica, eu peço.
Não parta...
Pois tudo se parte e nada quer chegar.
Vem comigo por este caminho esquecido, solitário.

Acompanha-me como anjo misericordioso,
Invisível e manso.
E ainda que não possas evitar meus tropeços,
mostra alguma beleza a estes olhos cansados.