24 de fev. de 2011

O parto

Escorrem-me faíscas pelos poros,
Meu suor reluzirá.

Cada sentimento adequou-se à sua forma,
À sua sílaba,
Ao seu fonema.

As pequenas partes deterioradas agora são células agrupadas. Vertiginosamente gerou-se um arquétipo meu, de vida particular.

Eis o momento,
A noite fará as honras, será a madrinha,
Espero por uma lua que brilhe junto de suas estrelas.

Torná-los-ei matéria,
Sentimentos meus.
Batizá-los-ei com nomes e significados.

Imenso gozo e imensa dor é arrancá-los de mim,
Pois nascerão e continuarão aqui dentro do meu ventre,
Do meu peito,
Dos meus lábios,
Fazendo-se cada vez maiores e mais intensos.

O que serão as partes minhas que no mundo vagarão,
sorrindo e chorando?
Não sei;
não sei mesmo.

Sei que de alguma forma tornarei claridade,
o que em mim tanto foi sombra.