27 de fev. de 2011

No silêncio

Naquela bela tarde de sol chovia.
Chovia uma chuva silenciosa,
Fininha...

As nuvens não chegavam até o pôr-do-sol,
Por isso ele ainda brilhava.
Aquela luz refletia-se nas árvores molhadas,
Nas pessoas com seus guarda-chuvas
E nos meus olhos castanhos.
Olhos de tão pouca claridade.

Eu olhei para todos que andavam em silêncio,
Olhei o cansaço dos que desistiram
E a impressionante força dos que sonham.

Como são belos os que sonham...
Também eu já fui tão belo por ouvir meus sonhos,
Eles cantavam canções tão bonitas...
E me falavam de lugares tão distantes.

Isso foi antes do barulho. E antes do silêncio.

O barulho de mil vozes dentro de uma sala escura sem porta e janela. E eu era aquele no canto, brincando com jasmins amarelados, quieto, medroso.
Mas o silêncio foi o que doeu ainda mais. Pois quando quebrei as paredes e fugi não existiam do lado de fora anjos como os de minhas expectativas; existiam seres errantes como eu, perdidos como eu, imersos em letargia como eu, mudos como eu.

Meus pés mergulham nas poças mornas...
Se vissem meu semblante tão baixo, não acreditariam em tudo o que falei sobre a felicidade...

Mas ao longe... Muito longe... ouço crianças rirem.
Ouço crianças rirem...
Talvez elas cantem para mim.