26 de fev. de 2011

Da superfície

Todas aquelas belas faces me distanciando de você.
Não, não deixe que eu me iluda,
Não deixe que eu me encante,
Não deixe que eu me vá.

Seja o silêncio e o sorriso.
Seja o olhar intenso.

Toda aquela atraente superfície é uma saborosa mentira...
Um torpor prazeroso e tão rápido.

Não, eu não os quero.
É tudo tão vazio.
E eu ainda sou tão pequeno para entender o que é real.
Ainda acredito poder voar ao sol com minhas asas de cera.
A queda é sempre tão inglória para todos nós.

Por que você ainda me ama?
Talvez se você fosse embora de uma vez eu conseguiria ver meu erro...
Talvez eu visse que meu espírito carece de mais que uma maravilhosa e estática fotografia.
Embora, eu sei, se você se for, eu não conseguirei mais retirar do mundo nenhuma palavra que eu julgue honesta...

Que lastimável esta minha capacidade de misturar a heresia e o sagrado num mesmo sonho...

Ajuda-me, ajuda-me a fechar os fascinados olhos do meu corpo, e abrir os sonolentos olhos do meu espírito.

Se puder, não permita que eu continue a desejar a superfície deles.
Se puder, torne-me real.