24 de fev. de 2011

A gestação

Não sinto estrelas ou lua,
Mas nem chuva...
Tudo recusa-se a existir.

Que noite ingrata... tanto te amo, tanto te anseio,
E faz-se tão indiferente a mim.

Eu sei, eu sei.
Tão belo eu sorrio,
enquanto alguns olham meu ventre esperando grande criatura.
Mal sabem que carrego apenas feridas de gosto ruim, madrugadas com seus fantasmas camuflando-se por entre chuvas frias.
E umas poucas florinhas...
O que carrego sou eu mesmo,
e tanto me movo, tanto me esmurro por dentro, que enfim me acredito até forte por tão só suportar tamanho tormento.

‘Aquieta-te!’
Eu suplico-me.

‘Há de chegar tua hora, Cultivador de Sentimentos!’
‘Aquieta-te que o mundo além das paredes que te aprisionam não se faz muito diferente da insanidade da qual te nutro.’

‘Pacifica-te, que bem planejo tua vinda, ser-eu.’
‘Quero receber-te com luzes pequenas,
Panos coloridos,
E violetas na janela.’