30 de jun. de 2015

O vício


Sempre nessa penumbra semi-lúcida...
Tomando o mesmo café, nos mesmos domingos estáticos,
Acordando às sete, olhando com melancolia para o jardim às doze,
Mas não estando aqui, nunca plenamente.

Estou naquela tarde cinza, de céu revolto,
Correndo entre concretos e mais concretos, permeados de pessoas vagas,
Atrás de um sonho que não olhava para trás, nunca olhou,
Mas também nunca estava realmente logo adiante.

Era apenas eu, como nas noites de ano novo,
Vendo as luzes que espocam no céu,
E desaparecem para sempre em seguida,
Como se nunca tivessem brilhado.

Que fazia este deslumbrado estrangeiro em terra indiferente?
Apenas seguindo uma claridade difusa?
Observando, clamando, distante do que é a realidade,
Feito sempre.

O que restou depois do fim de todas as coisas?
Todas as coisas mais bonitas... O vício.
Restou o vício de quando as vivia,
E agora, o vício de odiá-las por amá-las tanto.