24 de jun. de 2015

Vento, sorriso, lágrima


Nem se assemelha, aos velhos e sujos dias,
Este, com o primeiro vento gélido do inverno
Ultrapassando jovial as janelas poeirentas por onde ninguém olha,
Que penso:
Se o amor voltar a existir,
Bem que poderia ser em uma manhã assim.

E não preciso dizer a ninguém,
Nem aos homens, nem aos poetas,
Tudo o que foi sentido e tudo o que se sente,
Ou como o céu é palidamente azul
E o sol abraça como um pai amoroso
Edifícios, pinheiros e torres,
Digo a mim, e por hoje, basta.

Pois que o vento mudou,
E atrás das grades e vidros
Por onde vejo a mesma cidade mesquinha,
Há também distante um fragmento ainda incandescente
Da minha esquecida alma.
Entre ventos, sorrisos e lágrimas digo em silêncio:
Não é que hoje a vida dói de tão bonita?!