Os sinais pela estrada dizem que ainda estamos distantes de casa
Velhas memórias e velhas feridas
Que não partem
Nunca partem
Também
Os pés cansados em sapatos ruins reclamam do caminho infindo
Só o coração ainda canta
Uma melodia fraquinha, delicada
Repleta de notas de uma esperança quase boba
Mas a noite que se achega após a tempestade não deixa de ser bonita e perfumada
E já não há pressa
Há tempo de observar nuvens esparsas onde talvez ainda repouse algum anjo em justo sono
Há tempo de admirar um ou outro jardim que resiste a florescer
Quem sabe dizer ao certo se são passados os tempos insanos
Já que nas almas pelo trajeto vejo tantas máculas
Tantos adeuses
Tantas lágrimas?
Quem sabe dizer ao certo quanto sobrou de nós?
As respostas todas pairam distantes
Como a luz do poente que se rende à madrugada próxima
Por um instante eu absorvo então a paz de um santo silêncio enquanto sigo
Lentamente
Sem parar
Em minha própria direção.
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