Feito dito na canção
Você era como um amanhecer
Uma tão aguardada alvorada
Eu era como uma chuva da madrugada
Um desaguar manso e contínuo
Naquele momento
Eu contemplava a vida
Você a vivia
E as proximidades tornaram-se menores que as distâncias
Quando já não se pôde perceber
Que a chuva que sempre caía,
Junto à luz inebriante do sol,
Fariam florescer na terra devastada do peito
Um jardim de milagres
São estranhos todos esses tempos
Em que jogamos fora o que há de sagrado
Diante de encontrar-se nele alguma imperfeição
O esculpir, o curar, o salvar, o cuidar
Parecem custar tão mais
Que simplesmente
Virar a página
E serão estes os últimos versos antes do silêncio
Não que se calará o coração
Mas cessarão as palavras
Para que não se macule a dor
Para que não se faça dela algo menos bonito
Para que não se reprise ininterruptamente
O mesmo dolorido adeus.
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