Meu coração
Como uma fortaleza fria
Vasta
Vazia
O vento soprando pelos corredores
A luz ínfima penetrando pelas frestas
Pelas rachaduras
Filhas do tempo
Pelo chão
Restos de tempestade
De passado
De cansaço
De presente
Do futuro
Que não alcanço
Pelas paredes
Retratos de dias ancestrais
Sequelas
O cheiro rude de memórias corroídas
Mas então
Você
E a leveza
E a doçura
Vendo beleza em meio ao caos
Vendo grandeza na quase plena escuridão
E assim suas mãos firmes
Tateando
Girando velhas chaves
Destravando fechaduras
Abrindo uma janela
Então uma porta
E mais outra
Sorrindo
Cantando
Anunciando
Observando com olhos que brilham
Algo de sagrado na construção antiga
Por todos esquecida
Logo
Um sopro de vida
Ao âmago partido
Congelado
Que lentamente se aquece
E promete enfim
Relembrar-se da vida
E
Alvorecer uma outra vez.
Nenhum comentário:
Postar um comentário