Eu te observei abrindo aquele portão
Depois de tantos anos
De tantas vidas que só você viveu
De tantas batalhas que só você perdeu e venceu
E te vi novamente de olhos cheios de esperanças
Quase forte o bastante para ignorar
Todas as tantas vezes
Que iguais a essa vez
Foram proferidas palavras encantadas
Feitiços sutis dissolvidos em pequenos gestos que
Como que por mágica
Sempre deixam de existir
E caminhou então pela rua escura
Abaixo de uma chuva leve
Ignorando os alarmes
Ignorando as canções tristes que já começavam a tocar na sua mente
Ao ponto que
Em um instante de sonho
Ousou um salto olhando para o abismo repleto de belas cores e doces promessas
Mas instantes antes da precipitação
Olhou uma última vez o horizonte
E as cantigas fascinantes vindas do abismo começaram a cessar
Como sempre
Sempre
Cessam
Olhou então o horizonte...
E toda uma vastidão de vida ainda se esparramava por todos os lados
E viu o próprio reflexo pelas nuvens e campos
Viu estilhaços da própria alma bailando pela atmosfera
Sentiu o perfume dos tempos que ainda virão
E pensou que talvez
Talvez
Não fosse necessária uma nova queda
Uma nova memória partida
Para entender que
Mesmo diante de toda sua imperfeição
Mesmo diante de todos seus pecados
Antes de qualquer salto
Sentimentos verdadeiros colocariam asas em suas costas
E não espinhos abaixo dos seus pés
Nenhum comentário:
Postar um comentário