28 de out. de 2016

Cegos


Tudo está, nada é. Fácil.
Mas o estar é eterno para aquele que está.
E as promessas dos positivistas
São tolas e inúteis
Como uma escultura de barro
Sob uma tempestade.

Por que sofrer pela sorte que os Cegos têm?
As chamas do mundo já ardem em qualquer face.
É heroísmo ou estupidez dar as costas a elas?
Cegueira todos temos, ou não viveríamos;
Se é que vivemos.
Escolhemos qual pesadelo enxergar.

A fome persiste, mais e mais voraz.
Egos famintos, bocas famintas, olhos famintos.
Sonhos famintos.
Cada qual com seu Estômago em sofrimento.
Esperançosa espera pelo Pão nunca dado,
Ânsias absurdas para saciar o que nunca será saciado.

Algemas nos pulsos de crianças.
Lacaios estufados, saindo de banquetes da nossa carne.
Mas melhore essa cara, dizem.
Já que vamos para o abatedouro, vamos sorrindo,
Empestilhando o mundo de mensagens fofas.
Bons cordeiros mansos. Resignados. Imbecis.