29 de mai. de 2016

No escuro


Não temerei a partida das luzes.
Na escuridão meus olhos veem melhor,
Veem o que não queriam ver.

A alma está nua:
Tantas suas belezas e cicatrizes expostas.
A alma está nua, mas não desprotegida.

Não temerei a partida das luzes
Se enfim parte também o deslumbre,
Se enfim parte aquele céu estrelado de ilusões.

O corpo se encara fixamente no reflexo,
Percorre cada linha, cada esquecida parte...
Agora serei eu a te confortar, a te amar.

Não sinto falta das luzes que partiram.
A alma funde-se por cada célula ao corpo, mas não é o corpo.
Na escuridão vejo o que realmente existe.