15 de mai. de 2016

Abaixo da linha d'água


Vá com calma, poupe, reduza, entregue aos poucos. Não entregue.
Abaixo da linha d'água, há uma profundidade que assusta a todos.
Ninguém ousará pisar, ninguém mergulhará.
Teu âmago é oceano desconhecido, inexplorado, indesejável.

Aceita. Olha ao redor: o líquido raso. Para tantos, basta.
Sê raso também ou te conforma com a realidade que já de assola.
Não há quem naufrague por teus tesouros
Com tantas belas ilusões brilhando à superfície.

Mas conserva tua essência imaculada,
Mesmo sem a velha e doce esperança,
Mesmo com a realidade já fazendo morada permanente.
Conserva...

Além de todas bem-intencionadas mentiras,
Além do que os olhos idolatram futilmente,
Além da tua profunda dor...
Há outra verdade que não esta, há um porquê.