8 de mai. de 2016

À Soberana


Senti teu beijo frio, indiferente, tantas vezes...
Minha alma se contraindo na escuridão não foi notada?
Nem meus músculos tremendo comoveram teu coração?
Vida... Rainha Soberana, era necessária tamanha vaidade?

Castigas um tolo como a um criminoso.
E de tua justiça duvidei...
Como permitiu ser profanado
Aquilo que havia de mais, mais sagrado?

Mas como o luar descendo doce sobre o jardim,
Cobrindo as flores que desabrocham fartas no outono,
Trazes-me enfim alguma verdade.
Incendeia os véus que cobrem e nublam meus olhos.

Então, alguma esperança brota,
Como de uma semente que repousara paciente.
Já não há frio, mas braços macios e acalanto.
Como uma mãe, após severa lição, revela sua generosidade.