15 de abr. de 2016

O Belo não está mais aqui


As duas lágrimas que desceram lentas,
Como um rio preguiçoso seguindo seu rumo ao mar,
Nasceram vazias de mais palavras, mais súplicas, mais sonhos.
Eu via o céu, quase tão plúmbeo quanto a alma.
O coração, cansado, já não roga, não ora,
Não se revolta.

Há poucas semanas, era daqui,
Deste mesmo jardim, que se via um céu magnífico.
Repleto de pequenos brilhantes.
Havia a penumbra; uma suave luz macia sobre um alvo sorriso.
A lua, as flores adormecidas, a esperança despertando...
Agora há o silêncio.

O velho, ancestral silêncio, que às vezes cessa
Com as batidas mais fortes do coração,
Mas que por fim, sempre é trazido de volta pela realidade,
Como uma mãe severa.
E ele me envolve feito o negrume espesso da noite sem luz.

As batalhas seguem... Vê?
Tantas, ah Deus!
Nossos destinos nas mãos de seres malignos e desesperados.
Mais duas lágrimas escorrem...
E eu quebro minha promessa de não chorar por tristeza,
Mas apenas pelo que é belo, pois o Belo não está mais aqui.