1 de abr. de 2016

Lindos horrores


Sonhando com dias que nunca virão,
Ou que se foram para sempre.
Corremos dos mesmos demônios;
Perseguimos os mesmos sonhos,
Nos escondemos dos mesmos medos.

Rastejando tão conscientemente mais uma vez,
Deitados aos pés frios, aos lábios mudos.
Fazendo do maior, o único, o divino tesouro,
Mísera esmola, barganha, tentativa sem sucesso.
Que viagem! Talvez ele estivesse certo o tempo todo.

Mas eu flutuo pelas estrelas que ninguém enxerga,
E não dói mais o eterno e meigo toque frio.
Será só meu o infinito céu, antes do eterno fim.
E quando bater à porta, já será noite, e estarei longe,
Girando e dançando, fazendo amor com a solidão da lua.

Eu menti. Eu não preciso de misericórdia.
Talvez outra batida, algo mais fundo,
Mais intenso, sensitivo, fervente...
Mas sorrio às migalhas:
"Sim" "Claro" "Será um prazer" "Como queira".

E a coisa está ficando diferente aqui embaixo
Onde você não coloca seus belos pés aveludados.
Toda essa perfeição começa a fazer meu estômago girar.
Mas as portas estão bem abertas:
Bem-vindo ao lindo show de horrores!