19 de abr. de 2016

A vida... A vida


Acordes tristes de um blues meio torto entram pela janela,
A lua clareia todo o jardim.
Lembro de quando menino, de quando era leve.
E saía pelas estradas clareadas de luar,
Com o perfume da solidão e vaga-lumes.
Lembro de quando as canções falavam de sonhos,
E não de partidas.

Tudo mudou tanto em tão pouco tempo.
O reflexo no espelho, o sorriso nos lábios, as palavras que saem deles.
Mas continuo lutando pela vida,
Como um peixe distante da água, ignorando sua sina fatal.
Porque um dia meus olhos foram queimados,
Mas por verem a maior de todas as claridades.
Porque um dia houve um lugar a que eu pertencesse.

Não há tempo para qualquer dor ou desespero,
Mas me permito o cansaço.
Permito que a alma descanse,
Que olhe para o céu e veja estrelas cadentes que ninguém mais verá.
Em algum lugar, monstros famintos festejam uma vitória,
E não muito longe, ainda escorrem lágrimas de esperança.
É a vida... é a vida. De face ora linda, ora horrenda.