15 de fev. de 2016

Sóbrio


Olhos limpos como telas,
Projetando abertamente sentimentos antes secretos.
De que vale esconder a luz do mundo,
Se as sombras em tudo se aconchegam?

Não se assuste com meus excessos, menino,
Com as palavras que jorram sem maiores pudores.
Parecem até um texto bem ensaiado para comover o coração desejado,
Mas saiba que não.

Que somos além de pedras valiosas,
Lapidadas a cada golpe dolorido?
Meus sentimentos já não contêm qualquer desespero,
São agora a joia rara, remanescente de grande decepção.

No peito, há o que ainda pulse, ainda belo e robusto.
No céu, há o que ainda brilhe, como sonhos sutis e eternos.
No corpo, há o desejo real e puro de conexão.
Na alma, há vida pura, que jamais se parte.