22 de fev. de 2016

Logo vem o sol


Chove feito um pranto de corações partidos,
Mas a canção anuncia a vinda do sol.
E eu ando de cara para a chuva,
Como se as gotas frias e afiadas
Fossem na verdade partículas luminosas penetrando na carne.
E assim como das nuvens,
Dos meus olhos escorrem luzes,
Mas estas, mornas...
São de uma esperança delicada.

Eu não teria nada mais do que tudo a oferecer.
Minha alma rende-se nua e simples ao avistar suas mãos.
Não é um pedido de socorro, de salvação... um desespero;
É um convite: dance comigo como se o mundo não fosse acabar.
Me abrace como se houvesse um lugar seguro,
Livre do medo, livre do destino e da realidade.
Um lugar de fábulas, onde o amor brota junto da relva
E o passado é um menino inofensivo, de sono pesado,
Esquecido e seguro, bem distante.

Logo vem o sol outra vez, doce sonho.
Te levarei para passear por quimeras suaves.
E tudo o que meus olhos viram farei com que seus olhos nunca vejam.
Eu não preciso mentir sobre as minhas sombras, não mais.
Eu ainda conheço um ancestral caminho tão belo e quase esquecido...
Você caminharia um pouco ao meu lado sem temer o inverno,
Sem temer os dias que correm tão rápidos e displicentes?
Você veria os paraísos que construí além de mim mesmo,
Doce sonho?