1 de fev. de 2014

Estrela Ascendente


Alta madrugada, vestida de um silêncio profundo.
Aconchego-me na escuridão, em seu colo macio, em seu perfume suave.
Mas Morfeu não me toma em seus braços delicados,
Os olhos não cerram, ao contrário:
De ambos escorre líquido divino, uma materialização da gratidão.

Entrego-me a imaginar o primeiro toque em sua pele...
A velocidade da sua respiração e do pulsar do seu coração.
Seriam minhas mãos macias o bastante para acariciar a tão nobre textura que reveste seu corpo?
Seu corpo... um relicário.
A fortaleza que guarda inestimável tesouro: seus sentimentos, sua alma.

Fui então ter com as estrelas.
Daqui, tantas, tão pequeninas e belas.
Foi quando pela primeira vez nesta vida vi uma estrela ascendente. 
Ela não caia como as demais, mas subia, do horizonte rumo ao firmamento.
Um sorriso jorrou em minha face trazendo à minha boca o sabor da esperança.

Você repousa agora, quase tão distante quanto as estrelas.
Talvez esteja segurando minha mão em algum sonho leve...
Não serei tolo de achar que posso segurar a beleza e a felicidade para que nunca partam.
As borboletas só pousam em nossos dedos se formos muito gentis com elas, e mesmo assim, sei que elas pertencem aos ares.
As estrelas, cadentes ou ascendentes, só são vistas na escuridão absoluta... e por tão veloz momento.

Contudo, ainda assim, é completamente válida a paciência gasta com as borboletas.
É completamente válida a espera pela madrugada plena, onde as estrelas florescem com toda intensidade.
É válido ressuscitar a fé adormecida, fazer germinar a semente que repousa esquecida no solo úmido.
É válido esperar com o coração sorrindo sua chegada, mesmo consciente da partida.
É válido permitir a entrada do amor... 
Que ao contrário das borboletas e estrelas, 
certamente não irá embora em um instante.