Foi há dois anos, mas também foi ontem.
O sentimento crepita como uma fogueira eterna,
inexaurível.
Luzes, automóveis, chuvas, penumbra. Eu, ali.
Ali onde um dia eu tinha a vida por entre os
dedos,
E eu sabia para onde guiá-la;
Ali onde eu tinha você por entre os braços.
E sabia onde pousar o espírito,
Quisera, para sempre.
Naquela maldita cidade sagrada,
Abarrotada de tristezas imensuráveis e alegrias
indescritíveis,
Eu era só mais outro apátrida perdido por ruas
infinitas,
Por memórias que nunca se extinguem por
completo.
A qualquer alguém confiei o segredo:
“Aqui jaz meu maior e único amor.”
E continuei com passos firmes, sem saber para
onde ia.
Nenhum consolo seria válido.
Ao partir, deixei duas lágrimas.
Uma amarga e fria, porque todas as luzes
partiram
E eu estava me comprazendo na escuridão.
Outra leve e doce, porque eu vislumbro uma
centelha pequena,
Raquítica, dentro do um coração que bate aos
solavancos.
Um dia toda aquela selva de concreto e vidro
poderia ser um lar,
Meu lar. Nosso lar.
Mas hoje é um cemitério imenso de frágeis memórias
De onde eu tento partir de tudo que partiu de mim.
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