5 de ago. de 2016

À tona


Nas profundezas jazem passados mórbidos.
Escombros oníricos, desilusões aos restos, lixos sentimentais.
Nas profundezas faz escuro e frio,
O silêncio tudo envolve com sufocante abraço.

Tanta pressão esmaga velhas e doces esperanças,
Em nada remetem seus tempos de glória.
Porém, da superfície feixes luminosos ainda descem
Entoando suaves canções.

Eu quero emergir.
Quero degustar os lábios que chamam meu nome,
Lábios que exalam calor.
Quero flutuar à tona por ondas calmas.

Distante, num horizonte de ouro e rosas, um anjo sorri.
Se Deus existe, ele deve mesmo ser bom...
Por essas vezes que a vida de momento em momento
Muda das trevas para luzes magnânimas.

Se tanto clamo é pela impureza do espírito,
Ainda ébrio e faminto.
Mas sagrado,
Pois em seu âmago nada existe além do amor.