24 de jan. de 2015

Vulto


Agora há sal nestes lábios desencontrados. 
Mas por alguns segundos eu vejo a macia luz no horizonte;
Que horizonte tão distante...

Não fossem os labirintos até ela, as escarpas, os espinhos,
Eu até sorriria, até aguaria as roseiras com lágrimas de calmaria.
Mas nada garante travessia segura, nada responde ao chamado.

Ainda vejo vultos onde dois corpos luminosos se abraçavam.
Todos os dias, por um ano, os vultos me rondam...
Bailam ao som de canções proibidas, sorriem como se o amor existisse.

Poupo Deus das mesmas orações e a memória das mesmas súplicas.
Sei que o sal dos lábios que a língua absorve é do beijo da realidade.
Não me esquivo, não desdenho. O sabor é ruim, mas é verdadeiro.