Estou no caminho.
Sigo vagaroso.
Se às vezes paro,
confuso, é pelas visões floríferas que me alcançam.
Eu as contemplo,
imóvel, de lábios selados, e continuo.
Se sigo pela mesma
estrada esburacada,
É por nela pairar
perfumes de lírios.
Se às vezes cerro
os olhos e me aconchego na escuridão,
É por sentir que em
certos momentos a luz os magoa.
Indo pra casa.
Sempre.
Sempre em busca do
lar. O verdadeiro.
Mas vou calmo.
Passos lentos,
gestos sutis.
Passo por baixo da
primavera velha e toda florida.
Passo sobre o
córrego frio com seus grilos, sapos, vaga-lumes.
À beira da avenida
movimentada onde os olhares não se cruzam.
Todos correm,
correm para chegar em casa.
Apenas eu vou
lento, pois sei que o caminho já é um pouco lar.
E vou agradecendo e
pedindo meus perdões.
Acompanhando o sol
que rola até o fim do horizonte.
(De "Chiaroscuro")
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