8 de jan. de 2015

Persiste


A voz de Deus continua silenciosa como o desabrochar das rosas.
Mas persiste.
E minha carne grosseira não ouve seus sinais,
Mas minha alma, onde reside também Seu reino, pode sentir.

O céu deita sobre a terra lentas gotas de chuva;
Um doce afago para acompanhar as também lentas lágrimas.
E ainda que as orações sejam falhas e as palavras certas faltem,
Eu sei que Deus se comove.

E eu, talvez o mais enraizado dos homens,
Nunca estive aqui. Nunca.
Ainda que ossos e promessas concretem meus pés;
Não preciso de pés... se a alma são asas.

Talha-nos a vida sem misericórdia,
Isso porque fazemos pouco das nossas vitórias.
Precedeu à visita das borboletas no galho em flor,
A mão nua a cavar, a colher pedras, a sangrar na terra.

Não é motivo de orgulho ou vergonha
A morte e o renascimento consequentes às dores indescritíveis.
Mas se da fraqueza e da vergonha conheço cada palmo,
Ainda melhor conheço as trilhas do Amor e da Fé.