16 de jan. de 2015

Elegia noturna


Ainda tem sangue nas tuas veias,
Eu sinto o cheiro...
Derrama-o!

Tira a mão suja de cima desse corte fundo,
Deixa a vida partir para onde tenha sabor.
A esperança não cavalga em teu socorro.

Entrega teu pensar e teu sentir aos pés da roseira faminta.
Deixe a Beleza devorar o que lhe resta, se ainda lhe resta.
Que venham o torpor e o esquecimento, já que a luz não virá.

Não perturbe a noite com teus sonhos apodrecidos.
Percebe? Tudo é silêncio.
O que foi, o que é e o que será.

Caminha como os demais tolos, caminha.
Lutar contra o ar cáustico é inútil,
Como inútil foi lutar pelo sentimento.

Mas tudo finda, se serve de alento.
A luz do dia, a treva da noite;
O sonho que te consome.