25 de dez. de 2013

Perdoo


Eu perdoo minha dor, mesmo tão amarga em meus lábios, rançosa. 
Pois é como terra fria onde, se Deus quiser, algo vai crescer em direção ao sol.
Eu perdoo minha fome, insana, atroz, mesquinha.
Porque talvez, quem sabe, seja ela que me obriga a não desistir. 
Eu perdoo a ausência, pois há vez que é tão bonita a saudade. 
Eu perdoo a distância, pois é bom saber-nos correndo ao encontro. 
Eu perdoo o silêncio, porque ele não tem culpa de nada...
Eu perdoo a dúvida: serei eu a água evaporada que comporá as nuvens para o próximo temporal? Se sim, não trarei apenas desconforto, ventos e pavores, também aguarei o girassol da calçada. 

Eu perdoo também o medo, mas só porque um dia ele passa...




De "Mais de mil palavras - A poesia da imagem"