3 de dez. de 2013

Blues


Sonhei contigo numa certa tarde poeirenta. 
E enquanto segurava suas mãos, admirava seu sorriso, ainda tão distante, suavemente eu suspirava: Jesus Cristo, de onde quer que esteja, eu sei que você continua velando por nós...
Em meio aos meus fracos poderes mágicos, escalagens nos céus, volitações sobre os campos de flores; estava contigo...
Então passei a nos sentir juntos todos os dias. E em alguns dias, em todos os instantes.

Você estava no meu café da manhã, no alimento que saciava as sutis necessidades do meu corpo enquanto eu admirava o céu e sentia a brisa que vinha pelas frestas da janela.
Estava nas canções que penetravam em meu âmago e explicavam tudo de mim... saciando minha alma.
Estava no descer a rua à tarde com o sol se pondo às costas, enquanto meu coração me dizia para apenas fugir, fugir, fugir...
Estava na luz artificial que iluminava meu quarto à noite enquanto eu rabiscava minhas poesias tortas; já estava em toda minha existência, esta que até então ninguém nunca pôde provar que realmente é uma vida.
Estava em todas minhas flores que nasceram e murcharam, e na minha história que nunca deveria ter sido contada.
Estava na mais esplendorosa quimera que minha imaginação seja capaz de conceber, e no simples desejo de estar ao seu lado numa sessão de cinema, em algum domingo quente desses...

Está no blues que nasce quando toma fôlego minha dor...

Estava no semblante calmo e na voz serena da menina, que após ter a sua vida salva pela esperança, cantava: Esta minha luzinha vou deixar brilhar, vou deixar brilhar. Escondê-la sob um alqueire, não, vou deixá-la brilhar...