22 de dez. de 2013

Confesso


Assumo a culpa que nos cabe, fique livre.
Lembre-se de mim como o gentil covarde.
O hesitante cavaleiro...
Não será um julgamento injusto, não mentirás.

Aceito o sangue nas minhas mãos após o estrangulamento do sonho.
Aceito.
E se me justifico é por ter as palavras soltas demais, apenas.
Se justifico, diferença nenhuma fará mesmo.

Que é a vida, meu bem?
Uma colcha de retalhos tão confusa, esburacada.
Ontem era amor, hoje é distância.
Ontem era intensidade, hoje, só saudade.

Vamos nos habituando aos absurdos, não é mesmo?
O absurdo de partir, o absurdo de ficar.
Viver, apenas viver, já é um contrassenso.
Não é, meu bem?

Mas a gente vive. Ou pensa que sim.
E segue. Segue aceitando os sacrifícios.
Aceitando as perdas, aceitando ser mal visto.
A gente vive, porque tem que viver.

Não te esquecerei, meu bem.
As lágrimas que brotaram continuam presas nos olhos.
E um instrumento em particular sempre se sobressairá
Em qualquer canção. Fará um sorriso sutil nascer...

Dói, meu bem.
Mas passa; deve passar.
Hoje, por exemplo, nem chorei.
Mas também não deixei de te amar.