15 de dez. de 2013

Febre


O corpo é sempre dócil e pacífico,
Já a alma, arde, crepita, flameja.
A alma escorre lentamente pelos poros, pelos cheiros e desejos,
Como lava sanguinolenta, como ouro líquido, como dor desejada.

O corpo então transpira, reage, enrijece. 
Clama, suplica, contorce-se,
Mas a alma não ouve, não sente, não percebe,
Apenas queima... queima... queima!

É a libertação!
É a fênix ressurgindo em chamas absurdas!
São as feridas, imensas, profundas, sendo cauterizadas.
E as lágrimas vaporizam-se antes de despencarem dos olhos...

Sou eu.
Recebendo os milagres pelos quais roguei, 
Um a um, lentamente; como previa o vidente.
Sou eu...

Decompondo-me, tornando-me cinza, adubando-me; gemendo.
Gritando no mais absoluto silêncio.
Sou eu; e é você dentro de mim e por mim todo.
Sou eu, talvez finalmente, vivo.