20 de jun. de 2021

20/06/2021


 Como as nuvens que deslizam pacíficas no firmamento, há dias em que o coração parece ainda ser o mesmo. 

E eu posso voltar a sentar no solo trincado e tentar salvar as pequenas flores que insistem em não desistir de levar algum encanto. No fundo, com pequenos gestos, o que tento salvar é a mim mesmo, todos os dias. 

E são poucos os que não perdem o fôlego ao olhar para além dos próprios muros. Quantos olhares inundados de angústia hoje se voltam a esse mesmo céu em busca de consolo e respostas? 

Não teríamos lágrimas para cada uma das quinhentas mil vidas...

Mas eu me lembro da história do homem que acalmou os ventos e as águas apenas com a voz, dizendo que um dia, se quiséssenos, faríamos o mesmo ou mais... 

E eu, que ainda não acalmo nem as brisas que sopram para dentro do peito, volto a olhar o céu, tentando acreditar que existe uma linha sagrada e invisível conectando e dando sentido a todas as coisas, enquanto pela mente vagam imagens confusas de sorrisos após pesadelos. 

E se eu pudesse, mesmo que não fizesse qualquer diferença, eu gostaria de ainda poder te dizer que eu fui em busca da parte bonita que também existia aqui dentro, e que eu a reencontrei, danificada abaixo de escombros e ruínas, restos das minhas falhas; eu a encontrei. E é essa parte que continua a observar o céu agora, que continua vagando pelas ruas silenciosas de domingo, não mais em busca, mas em paz.