Mais nenhum poema de amor usando a velha receita que misturava perigosamente desespero e utopia;
Nenhuma canção com significados ocultos, cravejada de memórias baratas, como uma jóia falsa, sem valor;
Mais nenhuma tomada errada de rota.
E quando olho hoje para trás o que vejo são minhas mãos de menino segurando um velho e grosso livro antes da revolução que nasceria de dentro para fora, mas que só agora começaria a conhecer a vitória.
E me pergunto como seria se as primeiras palavras de cura e libertação não tivessem vindo só depois da carne já ter sido maculada, me pergunto como seria se eu tivesse vencido desde o princípio.
Mas eu vou até lá, vou até os dias onde você estava indefeso, vou para te levar o perdão, vou para dizer que tudo ficará bem, de alguma forma. Vou para dizer que, ao contrário do que tudo deixa transparecer, mesmo nos dias cinzentos e frios que precedem o inverno, o chão se cobrirá de flores e cores, como se já fosse primavera. E haverá muitas canções e muitas paisagens, e nada será menos bonito, mesmo depois de tantos adeuses.
E você renascerá de novo e de novo, e cada vez maior e maior, e cada vez mais livre e cada vez mais puro.
Nenhum comentário:
Postar um comentário