26 de set. de 2015

Não há silêncio no coração


Não, a culpa não é sua.
Também não seria minha,
Seria?

O que saciará o peito que urra de fome?
O coração que canta noite e dia
Melodias por ninguém ouvidas?

O único instante de silêncio
É o instante das lágrimas...
É o espírito transbordando,

Livrando por um segundo
O velho e esquecido peito
Da constante pressão.

Mas o que é este peito além de um navio naufragado?
Cujas almas perdidas relembram passados tempos de glória?
Pensam aqui haver silêncio, mas ouço o gemido das águas...

Um canto triste, como o canto do cansado músculo vermelho;
Também este repousado onde ninguém se atreve procurar.
Não há silêncio no coração,

Ainda que os lábios sorriam e cantem,
Ainda que a poesia esteja a caminhar ao lado...
O peito não adormece.